Ceviche de palmito

INGREDIENTES

  • c. 200 g de palmito fresco
  • 1 cebola roxa
  • 1 tomate
  • 1 pedaço de pimenta dedo-de-moça ou outra (a gosto)
  • 2-3 ramos de coentro ou salsa (opcional)
  • 1-2 limões
  • 1 c.cf. de sal marinho

MODO DE FAZER

  1. Cozinhar os toletes de palmito no vapor por cerca de 20 minutos ou até amaciar
  2. Esperar esfriar; cortar em pedaços e/ou desfiar
  3. Cortar a cebola em tiras finas no sentido do comprimento das fibras
  4. Cortar os tomates em cubinhos
  5. Retirar as sementes da pimenta (opcional); picar fininho
  6. Picar o coentro ou a salsa
  7. Juntar todos os ingredientes em uma tigela; salpicar de sal
  8. Espremer os limões; misturar bem
  9. Deixar marinar na geladeira por pelo menos 30 minutos a algumas horas
  10. Servir bem gelado

 

  • A mesma receita pode ser feita com diferentes ingredientes de base: cogumelos em tiras finas, carne de caju ou de coco verde em pedaços, palmito cru ou banana-da-terra em rodelas, abobrinha ou chuchu em fatias finíssimas etc. Eu não experimentei o palmito em conserva, mas vale tentar esse também. Todas ficam saborosas, embora cada um seja um prato diferente

 

O ceviche para mim é um prato que tem sabor de infância. Lembro dos nossos primeiros ceviches, das cores, cheiros e movimentos de ruas e feiras vividas durante uma viagem por países da costa pacífica da América do Sul com minha mãe e irmão. E lembro do prato nos acompanhar ao longo de toda a infância e adolescência, a maior parte desses anos passados em cidades pequenas no litoral atlântico aqui do Brasil. Mas veio a idade adulta e com ela o vegetarianismo. Depois me tornei vegana, e voltar a comer ceviche parecia uma impossibilidade. Mas por que seria?

Assim como a maior parte dos pratos da culinária tradicional, o ceviche também pode ser feito com ingredientes vegetais. E existem inúmeras alternativas – as mais populares parecem usar banana-da-terra, coco verde, cogumelos, palmito cru ou em conserva, caju e até abobrinha. Já faz algum tempo que cruzo com essas receitas na internet ou na casa de amigos, mas nenhuma delas nunca me fisgou. No entanto, nos últimos anos a nostalgia bateu forte e eu me decidi a tentar reproduzir esses sabores  de infância. Então fui experimentando diversos ingredientes até chegar a essa receita que apresento aqui, cuja base é palmito fresco cozido no vapor. Essa foi, na minha opinião, a que mais se aproximou do ceviche original em sabor e textura e com certeza, de longe, a que mais reconfortou a minha memória afetiva!

O Ceviche é um prato muito tradicional em todos os países costeiros do oceano Pacífico desde o Chile até o Mexico, sendo que no Peru ele é inclusive considerado como patrimônio cultural. Existem várias hipóteses para explicar a etimologia dessa palavra, que incluem desde uma origem recente (anglófona ou árabe), devida aos colonizadores, até um termo quechua (siwichi) que significa “peixe fresco”. A origem do prato também é controversa, mas sua criação é geralmente atribuída às populações costeiras originárias, sendo frequentemente associada ao povo Moche. Naturalmente, a receita original não levava limão, uma fruta domesticada no sudeste da Ásia, mas acredita-se que era feita com “curuba”, que é uma espécie de maracujá nativo da região. Há relatos de que durante o Império Inca o ceviche era feito com uma espécie de chicha, um fermentado alcóolico de milho (informações da Wikipedia em espanhol). Atualmente existem inúmeras receitas e versões desse prato, mas o que todas têm em comum é o uso de limão, sal, cebola (preferencialmente a roxa) e pimenta fresca; é muito comum também o uso de coentro, tomate ou molho de tomate, além de acompanhamentos que incluem batata doce, banana, mandioca e milho cozidos, abacate, manga verde, alface e outros.

O meu ceviche é a reprodução o mais fiel possível da receita que fazia minha mãe, com o acréscimo da pimenta, que não tenho memória de ter participado da nossa rotina doméstica, mas que é um ingrediente tradicionalíssimo desse prato e do qual aqui em casa gostamos muito. As ervas são um ingrediente opcional; fica muito bom com ou sem elas. O coentro é a erva clássica usada nas receitas latinas, mas eu frequentemente o substituo pela salsa, por questão de gosto pessoal. O limão é a base da preparação e precisa ser usado em quantidades generosas, para os demais ingredientes ficarem bem imersos em seu caldo. A variedade utilizada em todos os países da costa pacífica é o nosso conhecido limão verde; eu frequentemente o substituo por limão galego e gosto muito.

Aqui em casa esse prato é apresentado como entrada, mas você pode servir como salada acompanhando a refeição (combina muito bem com arroz) ou até fazer dele a refeição principal, juntando tortilhas de milho, legumes cozidos, abacate e outros, conforme os acompanhamentos tradicionais citados acima.