Rabanetes

INGREDIENTES

Rabanete à francesa (à la croque-au-sel)

  • 1 maço de rabanetes ou 1 rabanete negro
  • sal marinho a gosto
  • manteiga vegana ou azeite a gosto
  • pão para acompanhar

MODO DE FAZER

  1. Lavar os rabanetes cortando as folhas e a parte final da raiz ou deixar um raminho de folhas mais tenras
  2. Servir os rabanetes inteiros em uma travessa
  3. À mesa, cada conviva serve em seu prato um filete de azeite ou um pouco de manteiga e uma pitada de sal
  4. Servir-se, com as mãos, do rabanete redondo inteiro, um a um
  5. No caso do rabanete negro, cada conviva corta uma fatia grossa, que deve ser descascada
  6. Sequencialmente, molhar o pão no azeite, esfregar o rabanete no sal, e morder um e outro

 

Rabanetes ao molho cítrico

  • 1 maço de rabanetes
  • 1 laranja e/ou tangerina
  • manjericão a gosto (opcional)

MODO DE FAZER

  1. Ralar os rabanetes em ralo grosso ou cortar em fatias ou rodelas finas
  2. Colocar em uma tigela
  3. Espremer a laranja e/ou tangerina
  4. Despejar o suco sobre o rabanete
  5. Deixar macerar por alguns minutos antes de servir
  6. Se desejar, acrescentar algumas folhas de manjericão inteiras

 

Aqui no Brasil estamos tão acostumados a comer rabanetes em rodelas, na salada, que a gente nem imagina que em outros lugares do mundo as pessoas nem pensem em comer ele assim. Na França, por exemplo, a forma “normal” de comer rabanetes é como entrada, acompanhados apenas de sal e um pão com manteiga – eles chamam isso de “croque-au-sel”, ou “morder com sal”. O ritual consiste em servir os rabanetes inteiros (eventualmente até com algumas folhinhas); cada pessoa coloca um pouco de sal e um pouco de manteiga no próprio prato, pega um rabanete, passa no sal, passa a manteiga no pão e morde alternadamente um pedaço de rabanete e um pedaço de pão com manteiga. Para a gente parece estranho, mas vale a pena experimentar – é uma delícia!! Naturalmente no nosso caso a manteiga tem que ser vegana, mas funciona perfeitamente (e às vezes eu até prefiro) mergulhar o pão só no azeite. Eu gosto de comer qualquer rabanete assim, mas o meu preferido é o rabanete negro, mais difícil de encontrar por aqui, e que tem um gosto que além do picante lembra avelã. Um regalo!!

Mas tem outros modos originais de preparar esse legume tão especial e tão pouco valorizado. Ele pode entrar em diversas saladas compostas, e fica muito bom ralado, para sair da monotonia de comer sempre em rodelas. E fica delicioso servido com molho cítrico: só rabanete ralado ou fatiado e suco de laranja ou tangerina (pode inclusive misturar os dois sucos, fica muito bom!); e se quiser, temperar com algumas folhinhas de manjericão ou outra erva do seu gosto. Apesar de inusitada, essa salada eu não aprendi longe de casa, mas bem aqui, na cantina do Museu Nacional, que tantas vezes frequentei e que tanta saudade me traz.

E ainda não é tudo! Rabanete cozido ou assado também fica muito gostoso – lembra nabo. Eu frequentemente coloco nos cozidos, assados e sopas de legumes diversos, e adoro! Rabanete fermentado também é maravilhoso, uma iguaria muito popular na Coreia e em diversos países da Asia. Além disso, as folhas do rabanete são perfeitamente comestíveis e muito saborosas. Dá para refogar, fazer pesto, salada, omelete, sopa, tortas, ou qualquer outra receita onde você pensaria em usar uma folha escura. Como o próprio rabanete, elas são extremamente nutritivas, contendo vitaminas do complexo B (especialmente ácido fólico), cálcio, ferro, magnésio e potássio, além de diversos outros minerais, antioxidantes, e uma grande quantidade de vitamina C (mas essa só se consumidos crus).

Inclusive acredita-se que essa planta foi inicialmente domesticada pelas folhas, e não pela raiz, que só teria começado a ser consumida mais tarde. Os ancestrais selvagens do rabanete são originários da região Mediterrânea, onde acredita-se que ocorreu a primeira domesticação. Mas existem diversas variedades, e estudos recentes sugerem que podem ter havido migrações (por exemplo por transporte e trocas de sementes por populações passadas) e diversas domesticações independentes no entorno do Mediterrâneo (Europa e Oriente Medio), Japão, China e Coreia, e sul e sudeste da Asia (Kobayashi et al., 2020). É por isso que hoje existem rabanetes de diversas cores (vermelho, rosa, branco, rajado, preto, amarelo, violeta – todos com a polpa branca – e até verdes com a polpa vermelha!), formatos (redondos ou alongados), tamanhos e sabores. É um legume maravilhoso, apreciadíssimo em diversas partes do mundo, e que merece um destaque maior em nossas cozinhas e em nossas mesas.