Quem não usa desinfetante em casa? É um produto indispensável na limpeza doméstica, e ao mesmo tempo uma das nossas maiores preocupações – especialmente para quem tem animais! Nossos bichinhos são frequentemente os primeiros a reagir aos produtos químicos que usamos, com alergias de pele ou intoxicações.

Os desinfetantes comerciais estão entre os produtos de limpeza mais perigosos, pois contém substâncias reconhecidamente tóxicas, corrosivas, irritantes e com outros efeitos que apresentam sérios riscos à saúde, seja por contato ou por inalação. Experimente procurar na internet a “ficha de informações de segurança de produto químico” dos produtos que você costuma usar, e há fortes chances de se assustar...

O que fazer então? Uma pesquisa rápida na internet me mostra que existem dezenas de receitas caseiras de “desinfetantes”, muitas delas quase tão assustadoras quanto as tais fichas. Muitas pessoas não só confundem “desinfetante” e “limpa-tudo”, como frequentemente usam produtos químicos comerciais como base para suas preparações. Ou seja, ou é inútil, ou pode ser ainda mais perigoso que os comerciais.

Nesse sentido, é importante a gente saber como usar cada produto. Desinfetante não serve para remover o grosso da sujeira (para isso, deve-se usar detergente). Sua função é desinfetar, ou seja, eliminar ou inativar fungos e bactérias (é isso mesmo! Normalmente eles não agem sobre os vírus, e certamente não o coronavírus). Sendo assim, para que ele seja realmente eficiente, é preciso limpar primeiro e só então aplicar o desinfetante, deixando agir por pelo menos 10-15 minutos. Lugar de aplicar desinfetante são superfícies e objetos sujeitos a contaminação e que devam ser higienizados, como os pisos, pias e azulejos de cozinha e banheiro, vaso sanitário, área de serviço etc.

Mas existem alternativas mais naturais para fazer desinfetante caseiro, dentre as quais vinagre, álcool, bicarbonato de sódio, água oxigenada e limão aparecem como os ingredientes mais comuns (algumas vezes combinados). Eu já testei alguns desses, e de longe prefiro o limão, que me parece ser mais eficaz. Além de com certeza ser mais barato, mais cheiroso e mais fácil de conseguir.

Eu descobri essa receita incrível através da minha querida Tula (@onile_o), que me deu a primeira garrafinha, feita por ela, e eu fiquei encantada! Ela por sua vez aprendeu no canal da Camila Vitorino (@pensandoaocontrario), e me passou a dica. Pesquisando a respeito, descobri a mesma receita também no site Doce Limão, da Conceição Trucon (@conceicaotrucom), creditada à Aline Chaves do Panelas de Capim (http://panelasdecapim.blogspot.com/). A mesma Aline que conheci há muitos anos e foi minha mestra em Alimentação Viva. E hoje eu trago a receita aqui, dando continuidade a essa longa cadeia de pessoas interconectadas transmitindo conhecimento e fomentando a sustentabilidade, com a ajuda da internet!

E porque limão? Limão é uma fruta maravilhosa, saborosa, versátil e cheia de vitamina C. Mas além disso, a casca de limão (e também da laranja) é rica em limoneno, um terpeno que tem propriedades desengordurantes, bactericidas, fungicidas e inseticidas, além de ser comprovadamente medicinal. Por isso ele pode ser usado como desinfetante, desengordurante e removedor de odores, tendo inúmeras aplicações tanto domésticas como na preservação de alimentos e até desinfecção hospitalar (e.g. Espina et al., 2013; Chemat et al., 2012; Viriato 2014).

Ou seja, além de ter eficácia comprovada, não apresentar nenhum risco para a saúde humana nem dos animais e ser muito fácil de fazer, esse desinfetante também serve para outras funções – como limpar o fogão e a geladeira. Além disso, ele é feito com cascas, que normalmente iriam para o lixo. Podemos dizer que ele cumpre os "3 Es", pois é econômico, ecológico e eficiente!