Farofa de pinhão

INGREDIENTES

  • 200 g de pinhões ou castanhas portuguesas descascados
  • 3-4 dentes de alho
  • ½ maço de salsa picada
  • 1 c.cf. de sal marinho
  • azeite para refogar

MODO DE FAZER

  1. Previamente, cozinhar os pinhões ou as castanhas em bastante água; descascar
  2. Bater os pinhões ou castanhas em um processador até obter uma farinha grosseira
  3. Picar a salsa; reservar
  4. Picar ou amassar o alho
  5. Refogar o alho no azeite em uma frigideira larga
  6. Acrescentar a farinha de pinhão/castanha
  7. Torrar a farinha em fogo baixo até ela adquirir uma coloração levemente mais escura, mexendo sempre
  8. Juntar o sal; misturar bem
  9. Desligar o fogo
  10. Acrescentar a salsa; misturar bem

 

Essa farofa é um dos acompanhamentos mais deliciosos que existem, uma maravilha que aprendi na serra da Mantiqueira e que faço sempre que tenho a oportunidade de conseguir pinhão. Ela combina perfeitamente com feijão, mas também com outros alimentos. É uma farofa mais úmida do que a tradicional, com mais personalidade, uma iguaria por si só.

Pinhão é a semente do pinheiro-do-Paraná (Araucaria angustifolia), uma árvore nativa do sul do Brasil (pinheiros não tem frutos, apenas sementes). É um alimento extremamente nutritivo, e que por centenas ou até milhares de anos foi a base da alimentação de populações nativas do planalto ao sul da América do Sul. Muitos cientistas acreditam que os grupos pré-coloniais proto-Jê foram os responsáveis pela existência das grandes florestas de Araucária típicas daquela região, pois eles plantavam e cuidavam dessas árvores, ou seja, manejavam a floresta, e dessa forma modificaram a paisagem e a vegetação. Esses grupos não faziam agricultura intensiva, mas eram horticultores, e conheciam muitos vegetais que são importantes na nossa alimentação até hoje. Eles tinham uma organização sociocultural incrível e práticas sociais complexas. Viviam em casas subterrâneas com até dezenas de metros de diâmetro e construíam monumentos cerimoniais e funerários na forma de montículos e gigantescos muros de terra em estruturas circulares no topo dos morros, aonde praticavam cerimônias e rituais.

Dentre os muitos importantes legados que nos deixaram, o pinhão certamente se destaca, e hoje é típico da culinária do Sul do Brasil, mas também de diversas regiões da Serra da Mantiqueira, no Sudeste, aonde também existem populações nativas de Araucária. Pode ser comido sozinho, cozido ou assado, e é usado como ingrediente em diversos pratos salgados e doces, servindo inclusive para fazer pães, bolos e biscoitos. Esse alimento de alto valor nutricional é muito rico em calorias, fornecendo energia e sustância para o dia-a-dia. Mas ele também é rico em fibras, em vários minerais importantes para a saúde (cobre, zinco, ferro, magnésio, cálcio, fósforo, enxofre e sódio), e particularmente em potássio, que é importante para o controle da pressão arterial. Além disso, ele fornece ácidos graxos (ômega 6 e ômega 9) que contribuem para controlar os níveis de colesterol no sangue.

Mas mais importante que tudo isso, pinhão é uma delícia – e farofa de pinhão é muito especial!!

Além disso tudo, exatamente a mesma receita pode ser feita também com castanha-portuguesa (Castanea sativa, Fagaceae), que por sua vez é uma planta europeia, mas também muito apreciada aqui no Brasil. E fica incrível!