Leites de tuberosas (inhame e cará)

INGREDIENTES

  • 2 inhames OU 1 cará pequeno ou um pedaço (c. 200 g)
  • 1 l de água filtrada

MODO DE FAZER

  1. Cozinhar os inhames ou cará inteiros, com casca, no vapor ou imersos em água (se usar os tubérculos partidos, pode cozinhar descascados)
  2. Descascar os inhames ou cará ainda quentes
  3. Juntar os tubérculos e a água no liquidificador
  4. Bater até obter uma consistência homogênea
  5. Coar em uma peneira fina ou espremer em um coador de pano
  6. Servir/usar imediatamente ou conservar em geladeira em uma garrafa de boca larga

 

 

Leites de raízes e tuberosas também são muito nutritivos, e eventualmente mais rápidos de se fazer, mas há que se ter muito cuidado, pois são potencialmente tóxicos, e só devem ser consumidos após cozimento. Os leites de tubérculos pré-cozidos são naturalmente mais cremosos, embora possam ser usados para qualquer preparação fria ou quente sem problema. O leite de mandioca crua engrossa facilmente ao esquentar, então é importante ter isso em mente antes de usá-lo.

Leite de inhame

Tomar leite de inhame cru anda na moda, mas eu desaconselho fortemente. O inhame (Colocasia esculenta, Araceae) contém alta concentração de ácido oxálico, que pode ser tóxico e favorecer a formação de cristais de oxalato de cálcio e pedras nos rins. A concentração depende de vários fatores, como a safra, e costuma aumentar quando o inhame é colhido velho. A reação individual também é muito variável, podendo ser imediata (principalmente em pessoas mais sensíveis e crianças) ou demorar mais tempo para se manifestar. O excesso de ácido oxálico foi associado a diarreias, cálculos renais, gota e até reação anafilática, com fechamento de glote e asfixia. As ráfides de oxalato de cálcio do inhame podem causar dermatite, principalmente em pessoas alérgicas – por isso ele “pinica” algumas pessoas ao ser descascado. Além disso, foi relatado também que o ácido oxálico reduz a absorção de cálcio, ferro e outros minerais. O ácido desaparece com o cozimento, razão pela qual é sempre importante ferver bem este legume, que cozido fica totalmente seguro e é cheio de nutrientes. Por tudo isso, inhame é excelente cozido, mas comer cru é uma temeridade.

Em termos nutricionais, o inhame é rico em vitaminas do complexo B, C, D e E e em minerais como fósforo, potássio, magnésio, ferro, cálcio e zinco.

Leite de cará

O cará é algumas vezes confundido com o inhame, mas trata-se sobretudo de uma confusão de nomes. O inhame, mais comercial, é uma Araceae do gênero Colocasia – internacionalmente chamado de “taro”. O “cará” inclui diversos tubérculos do gênero Dioscorea (família Dioscoreaceae) – e internacionalmente é chamado de “yam”. Em algumas regiões do Brasil ambos os tubérculos são chamados de “inhame”, ou chama-se a Dioscorea de inhame e a Colocasia de taro, o que provoca uma grande confusão. Do fato dos tubérculos terem alguma semelhança, há inclusive quem pense que é mesma coisa, mas são plantas muito diferentes. O inhame é uma planta herbácea, primo da taioba, enquanto o cará é uma trepadeira. O inhame é geralmente considerado como tendo origem no sudeste asiático, mas pesquisas recentes sugerem que sua domesticação pode ter sido nas Filipinas. O cará tem muitas espécies distribuídas em áreas tropicais no mundo todo e foi domesticado várias vezes – na América, África e Ásia. Espécies de carás eram consumidas por populações nativas das Américas desde pelo menos 10 mil anos antes do presente; no Brasil os registros mais antigos datam de cerca de 5000 anos.

Embora tenha menor toxicidade do que o inhame, o cará também tem ráfides de oxalato de cálcio, e portanto não é recomendado que seja ingerido cru.

O cará é rico em vitaminas do complexo B, E, K e A, potássio, magnésio, fósforo, ferro, cálcio e zinco.