Leites de tuberosas (inhame e cará)
INGREDIENTES
- 2 inhames OU 1 cará pequeno ou um pedaço (c. 200 g)
- 1 l de água filtrada
MODO DE FAZER
- Cozinhar os inhames ou cará inteiros, com casca, no vapor ou imersos em água (se usar os tubérculos partidos, pode cozinhar descascados)
- Descascar os inhames ou cará ainda quentes
- Juntar os tubérculos e a água no liquidificador
- Bater até obter uma consistência homogênea
- Coar em uma peneira fina ou espremer em um coador de pano
- Servir/usar imediatamente ou conservar em geladeira em uma garrafa de boca larga
Leites de raízes e tuberosas também são muito nutritivos, e eventualmente mais rápidos de se fazer, mas há que se ter muito cuidado, pois são potencialmente tóxicos, e só devem ser consumidos após cozimento. Os leites de tubérculos pré-cozidos são naturalmente mais cremosos, embora possam ser usados para qualquer preparação fria ou quente sem problema. O leite de mandioca crua engrossa facilmente ao esquentar, então é importante ter isso em mente antes de usá-lo.
Leite de inhame
Tomar leite de inhame cru anda na moda, mas eu desaconselho fortemente. O inhame (Colocasia esculenta, Araceae) contém alta concentração de ácido oxálico, que pode ser tóxico e favorecer a formação de cristais de oxalato de cálcio e pedras nos rins. A concentração depende de vários fatores, como a safra, e costuma aumentar quando o inhame é colhido velho. A reação individual também é muito variável, podendo ser imediata (principalmente em pessoas mais sensíveis e crianças) ou demorar mais tempo para se manifestar. O excesso de ácido oxálico foi associado a diarreias, cálculos renais, gota e até reação anafilática, com fechamento de glote e asfixia. As ráfides de oxalato de cálcio do inhame podem causar dermatite, principalmente em pessoas alérgicas – por isso ele “pinica” algumas pessoas ao ser descascado. Além disso, foi relatado também que o ácido oxálico reduz a absorção de cálcio, ferro e outros minerais. O ácido desaparece com o cozimento, razão pela qual é sempre importante ferver bem este legume, que cozido fica totalmente seguro e é cheio de nutrientes. Por tudo isso, inhame é excelente cozido, mas comer cru é uma temeridade.
Em termos nutricionais, o inhame é rico em vitaminas do complexo B, C, D e E e em minerais como fósforo, potássio, magnésio, ferro, cálcio e zinco.
Leite de cará
O cará é algumas vezes confundido com o inhame, mas trata-se sobretudo de uma confusão de nomes. O inhame, mais comercial, é uma Araceae do gênero Colocasia – internacionalmente chamado de “taro”. O “cará” inclui diversos tubérculos do gênero Dioscorea (família Dioscoreaceae) – e internacionalmente é chamado de “yam”. Em algumas regiões do Brasil ambos os tubérculos são chamados de “inhame”, ou chama-se a Dioscorea de inhame e a Colocasia de taro, o que provoca uma grande confusão. Do fato dos tubérculos terem alguma semelhança, há inclusive quem pense que é mesma coisa, mas são plantas muito diferentes. O inhame é uma planta herbácea, primo da taioba, enquanto o cará é uma trepadeira. O inhame é geralmente considerado como tendo origem no sudeste asiático, mas pesquisas recentes sugerem que sua domesticação pode ter sido nas Filipinas. O cará tem muitas espécies distribuídas em áreas tropicais no mundo todo e foi domesticado várias vezes – na América, África e Ásia. Espécies de carás eram consumidas por populações nativas das Américas desde pelo menos 10 mil anos antes do presente; no Brasil os registros mais antigos datam de cerca de 5000 anos.
Embora tenha menor toxicidade do que o inhame, o cará também tem ráfides de oxalato de cálcio, e portanto não é recomendado que seja ingerido cru.
O cará é rico em vitaminas do complexo B, E, K e A, potássio, magnésio, fósforo, ferro, cálcio e zinco.