Sabonete líquido
INGREDIENTES
- 100 g de sabão de coco ou palmiste em barra
- 1 litro de água
- 50 g (4 c.s.) de açúcar branco ou mascavo
- 10 gotas do óleo essencial de sua preferência
MODO DE FAZER
- Ralar o sabão em um ralador grosso ou processador ou raspá-lo com uma faca
- Juntar o sabão ralado com a água em um recipiente ou panela de material neutro (vidro, ágata, aço inoxidável...)
- Levar ao fogo muito baixo ou aquecer em banho-maria em fogo muito baixo por cerca de 15 minutos, mexendo frequentemente
- Desligar o fogo
- Acrescentar o açúcar; misturar bem
- Deixar esfriar alguns minutos
- Acrescentar o óleo essencial; misturar bem
- Deixar repousar por cerca de 1 hora
- Transferir para recipientes adequados ao uso; conservar em local fresco e seco
- Se você tiver acesso a sabão de Alepo, sabão de Castela (sabonetes tradicionais da região mediterrânea produzidos com azeite de oliva) ou qualquer outro sabão artesanal de confiança, pode usá-los sem problema no lugar do sabão de coco
Nunca se falou tanto sobre “sabão” no mundo desde o início da pandemia em 2020. Mas o que é sabão? Sabão é tudo igual? Sabonete líquido é melhor que em barra? Sabonetes bactericidas vão salvar a humanidade? Existem diferenças para a nossa saúde e para o ambiente? Vamos falar um pouco sobre isso.
Seja qual for sua origem, “sabão” limpa porque suas moléculas têm duas partes: uma parte “polar” que é hidrófila (interage com a água) e uma parte “apolar” que é hidrófoba (interage com a gordura). Por isso as moléculas de sabão “grudam” na gordura e se dissolvem na água, levando a sujeira embora.
Mas o que isso tem a ver com o coronavírus? A gordura, justamente. Vírus são formados basicamente por uma cápsula de proteínas amalgamadas com gorduras, que envolve uma carga de ácidos nucleicos. Em contato com o sabão, que “cola” na gordura, essa cápsula se dissolve e isso os destrói. E para isso, sabão é sabão. Que seja sabonete líquido, em barra, de glicerina, “natural”, artesanal, sabão em pó, detergente ou outro, qualquer sabão é eficiente contra os vírus.
Agora, para a nossa pele, e para o ambiente, nem todo sabão é igual.
Sabão, tradicionalmente, era um produto feito a partir de gordura e cinzas. Sabonetes e sabões em barra ainda são feitos através da reação química entre um óleo (que pode ser gordura animal, óleo de coco, óleo vegetal, óleo de cozinha usado ou outro) e uma base, geralmente soda cáustica, podendo ser acrescentados aditivos, perfumes etc. Já o sabonete líquido é fabricado a partir de substâncias sintéticas derivadas do petróleo. A principal delas é o lauril sulfato de sódio, usado em sabonetes, shampoos, detergentes, cremes dentais e outros. O lauril produz muita espuma, tem pH neutro, e assim dá a sensação de limpeza e suavidade, mas é fortemente irritante, pode causar reações alérgicas, e sua fabricação gera poluentes. Além do lauril, muitos aditivos são geralmente adicionados, tanto a sabonetes líquidos quanto em barra, que podem ser prejudiciais à saúde. Perfumes, particularmente, são extremamente alergênicos e já foram apontados como nocivos aos sistemas reprodutivo e endócrino, mas outros ingredientes também são potencialmente alergênicos, carcinogênicos, poluentes e podem se acumular no nosso corpo ao longo da vida (e nos corpos de muitos animais quando despejados na natureza). Sem contar que a maior parte dos produtos de limpeza e cosméticos simplesmente não são veganos.
Mas além disso, temos ainda os sabonetes antibacterianos, tão prezados pelos maníacos de limpeza e tão procurados em tempos de pandemia. A diferença destes para os sabonetes comuns é que eles contêm bactericidas em suas fórmulas, ou seja, antibióticos. E o problema é que eles não são, na verdade, mais eficientes que os outros para a limpeza e eliminação dos germes. Eles não só não oferecem nenhuma vantagem em relação a sabonetes comuns, como podem ser prejudiciais, causando problemas ao sistema imunológico e inclusive aumentando o risco de câncer de mama. No entanto, eles trazem ainda um risco adicional: a banalização dos antibióticos faz com que as bactérias se tornem mais resistentes a eles. E não só o uso contínuo de produtos bactericidas por pessoas saudáveis é inútil e pode levar a um aumento da resistência bacteriana, como o escoamento destes produtos pelo sistema de captação de água amplia a possibilidade de resistência de outras bactérias. Ou seja, ao invés de se proteger, as pessoas estão produzindo bactérias mais resistentes e poderosas que podem se disseminar pelo ambiente.
E agora? Como escolher?
Naturalmente, qualquer produto de higiene traz algum tipo de impacto. Todo sabão, ao ser usado e despejado no esgoto, acaba indo parar nos corpos hídricos, onde causa poluição. Mas quanto mais componentes sintéticos ele contiver, maior será o impacto causado. E maior será o impacto, também, na nossa pele – alergias, ressecamento, envelhecimento precoce... Peles normais sofrem menos, mas quão mais sensível for a pele, mais rapidamente isso é percebido. Pessoas que convivem com a dermatite atópica, em particular, sabem muito bem do que eu estou falando.
Como resolver?
Uma alternativa é usar sabonetes artesanais, produzidos de modo tradicional e que contenham apenas ingredientes ativos de origem natural – e vegetal.
Outra alternativa é produzir o seu próprio sabonete. Eu não me atrevo a fazer saponificação em casa, o que implicaria no uso de soda cáustica e em procedimentos mais complexos e perigosos. Mas não só eu gosto de sabonete líquido como me adapto melhor a eles, que geralmente têm um pH mais neutro, evitando irritação ou ressecamento da pele.
Então eu uso uma base de sabão de coco (vegano e sem aditivos) ou sabão artesanal para fazer sabonete líquido. O procedimento é extremamente simples, consistindo apenas em diluir o sabão sólido em água. A consistência obtida é muito mais de um ‘líquido’ do que um ‘gel’, mas ele rende bem e é de muito fácil utilização. O grande segredo é o uso do açúcar, que reduz o pH do sabão em barra, muito alcalino, e produz um sabonete extremamente suave para a pele e agradável ao uso.
Normalmente, usamos esse sabonete líquido somente para as mãos, mas ele pode ser usado para o corpo, e até para os cabelos.