Batata assada II

INGREDIENTES

  • 2 kg de batatas
  • 100 g de tofu defumado
  • 1 molho de alfavacão, alfavaca ou manjericão
  • 3-4 ramos de louro
  • sal marinho ou sal grosso a gosto
  • c. 80 ml de azeite

MODO DE FAZER

  1. Cortar as batatas e o tofu defumado em cubos
  2. Desfolhar as ervas
  3. Juntar batatas, tofu, ervas e sal; misturar bem
  4. Colocar a mistura em uma assadeira
  5. Regar com azeite
  6. Cobrir com papel manteiga ou alumínio
  7. Assar em forno alto por cerca de 1 hora

 

Este assado delicioso pode servir como acompanhamento ou como prato principal, neste caso acompanhado de um legume verde para equilibrar. Brócolis salteados são uma combinação perfeita, mas combina também com funcho salteado, vagens no vapor, outro legume ou folha verde escuro, tomates fritos – ou o que a sua imaginação mandar.

Esta receita foi inspirada na anterior, e surgiu como uma apresentação diferente, mais apta a compor uma refeição diversificada. E surgiu porque aqui em casa, como uma imensa parcela da humanidade, adoramos batata.

A batata, que comumente chamamos “batata inglesa”, não tem na verdade nada de europeu e foi domesticada nos Andes. O registro mais antigo conhecido de consumo de uma batata selvagem vem do sítio de Monte Verde, no Chile, e data de mais de 10 mil anos. Com a domesticação, a batata se tornou um alimento de base fundamental em toda a região andina, e foi central para o desenvolvimento das grandes civilizações que lá prosperaram. Ela só foi introduzida na Europa no final do século XVI, com as grandes navegações; chegou primeiro na Espanha e depois na Inglaterra. Inicialmente ela não teve muito boa aceitação, mas a facilidade de cultivo e suas qualidades nutricionais acabaram conquistando adeptos em quase toda a Europa – primeiro entre os camponeses, depois nas mesas mais abastadas. Um grande estímulo para sua disseminação veio da Guerra dos Trintas Anos, um conflito religioso que opôs católicos a protestantes e que devastou a Europa na primeira metade do século XVII, destruindo as culturas mais tradicionais.

A França, no entanto, resistiu à batata até o final do século XVIII, e sua aceitação só ocorreu após uma curiosa artimanha de um farmacêutico do exército chamado Parmentier. Ele estava convencido de que, por seu valor nutritivo, a batata era a salvação para a fome endêmica que assolava o país naquela época, mas seus conterrâneos achavam que era um legume “sujo”, e consequentemente “impuro”. Ele então convenceu o Rei a financiá-lo, e plantou campos de batatas nos arredores de Paris, todos bem cercados e protegidos por soldados armados durante o dia. À noite os soldados eram retirados e as pessoas do povo, impressionadas e acreditando que aqueles tubérculos eram muito valiosos, entravam nos campos para “roubá-los"! E assim a batata acabou se tornando o legume mais importante do continente europeu, de lá ganhou as Américas, e de mocinho passou a vilão da alimentação saudável...

Mas batata não é “puro amido”, como muitos pensam. Apesar de ter muitos carboidratos (c. 18%), o tubérculo é composto por cerca de 80% de água e tem mais proteínas do que a mandioca, por exemplo (c. 2%). Uma pessoa que consumisse batata suficiente para satisfazer seu suprimento de energia (c. 2000 calorias) estaria também satisfazendo sua necessidade proteica diária (c. 50 g). Além disso, a batata é uma boa fonte de vitamina C, vitaminas do complexo B, ferro, fósforo, magnésio e potássio, e contém até vitamina A. Mais ainda, ela é uma fonte importante de triptofano, um aminoácido essencial que é precursor da serotonina e ajuda a combater sintomas de estresse, depressão, ansiedade e distúrbios do sono. Ou seja, não se deve sobreviver de batata, mas se ela te dá prazer, pode comer sem culpa.

(foto @CelsoPereira)